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Desabafo: E quando o sonho acaba?

  • Foto do escritor: Graziela Rezende
    Graziela Rezende
  • 20 de fev.
  • 4 min de leitura

O que você faz quando o sonho acaba? Quando nasce no peito o peso da frustração no lugar da animação de viver algo novo? Desiste?


Eu sempre tive o sonho de ser nutricionista, mais especificamente formada pela USP e com uma carreira totalmente dedicada ao consultório (não queria ter chefe, você entendeu, né?). Esse sonho fez parte da minha vida por muitos anos, desde a concepção da vontade em atuar na nutrição (o que foi uma surpresa para a minha mãe, depois eu conto melhor) até a realização.


Comecei com os cursinhos pré vestibulares, foram 2 anos de muito estudo. Nessa época eu não tinha a opção de desistir, era isso e ponto, e para me incentivar eu tinha uma plaquinha que ficava na minha escrivaninha com a seguinte mensagem que eu escrevi à mão: "estuda, Grazi, ou você nunca será uma nutricionista", sendo que nunca estava escrito em letras garrafais. Sim, às vezes dava medo dessa palavra me julgando nos raros minutos de descanso. A verdade é que eu fui na força do ódio, da coragem, de todo e qualquer sentimento. O meu medo não tinha espaço para me sabotar, a minha certeza era maior, não porque eu me achava a melhor, mas sim pela confiança de que uma vaga era minha. E foi.


Passei na USP e na UNESP, 2007 começou realizando sonhos. E já que esse estava OK, qual seria o próximo? Eu tinha 5 anos para viver o sonho, com sacrifícios, trem, cansaço, e muitas descobertas. O sonho foi vivido com intensidade perto das minhas melhores amigas e do meu namorado (hoje meu marido). Essa fase deixou saudades, muitas. Terminei com a sensação empolgante de, novamente, começar uma nova história.


No final da faculdade eu já sabia a nutricionista que eu queria ser (e a que eu não queria ser principalmente), eu sabia que daria certo porque eu sempre confiei na minha capacidade. O medo continuava ali, entretanto ele falhou de novo na missão de me sabotar. Comecei atendendo em São Paulo, depois a minha carreira foi dedicada à Jundiaí, a terra querida. Desde a primeira consulta eu consegui ser a nutricionista que eu almejava tanto, e um novo sonho foi realizado.


Atendi por 12 anos, esse tempo foi suficiente para atender 15236 pessoas. Brincadeira hahaha eu não sei exatamente quantas pessoas tive a oportunidade de ajudar, mas foram muitas. Todas sempre foram tratadas igualmente, olho no olho, com todo carinho que eu tinha. Em troca eles me deram um sonho vivido intensamente.


Acontece que eu sou mais do que uma nutri diferente, e na minha vida pessoal eu tinha outro sonho, o de ser mãe. Essa é uma fase ambígua, a felicidade se mistura com o medo de não conseguir, já que o positivo demorou para chegar. Sim, o medo falava mais alto em alguns momentos, entretanto o meu coração confiava que eu seria mãe. E sou.


Eu engravidei na pandemia (como tantas mulheres), e posso dizer que estar grávida foi uma das fases mais lindas que eu pude viver, amei sentir a barriga crescer, crescer, crescer... até o meu filho nascer em 2021. O sonho de ser mãe estava realizado.


Enquanto isso, a vida profissional estava descansando, já que eu precisava de um tempo para conhecer o meu bebê, e ele a mim. A mãe foi nascendo aos poucos, demorou para eu me reconhecer. E às vezes o medo se misturava com o cansaço, e eu me sentia perdida (e assim foi em outros momentos também). Até que eu voltei a atender online (nessa altura do campeonato o consultório físico não fazia mais sentido), poucos pacientes, tudo certo.


O sonho de atender parecia vivo, no entanto eu me enganei. Comecei a perder o brilho ao receber um paciente, e depois de lidar com o meu emocional em terapia, consegui entender que eu precisava me adaptar à essa atual período. Parei de atender, o objetivo inicial era um semestre, cuidei da minha família e principalmente de mim. Eu me reconheci de novo, a minha nova eu, mais madura, com uma nova perspectiva de vida. Foi incrível!


Eu sempre ouvia os famosos falando que tiraram um ano sabático, parecia balela, mas esse período foi transformador para mim. Eu não chamo de sabático, porque uma mulher que se dedica à casa não fica tomando água de coco na piscina o dia todo, quem dera, teve uma rotina bem cansativa, uma criança pequena, cansaço, louça para lavar ... mas no meio de tudo encontrei os meus refúgios e aprendi que a minha celebração diária me torna uma mãe e uma pessoa melhor.


No começo desse ano eu já tinha tudo planejado para voltar a atender, porém eu não senti aquela empolgação. Felizmente eu pude escolher trilhar um novo caminho, antes de tudo eu sou extremamente grata e ciente dos meus privilégios.


Hoje o meu sonho é continuar vivendo a maternidade com toda a energia e me reconectar com a nutrição de outra forma. Eu sempre amei produzir vídeos, criar e escrever, por isso estou iniciando uma nova etapa sendo mais do que a nutricionista, mas sim uma parceira de muitas mulheres que assim como eu querem se conectar com a sua essência e se celebrar todos os dias.


O meu canal no Youtube (já se inscreveu?) e esse site fazem parte do meu novo sonho: eu quero viver intensamente a minha vida que muda de acordo com cada fase, com medos e alegrias, erros e acertos, porque eu sou humana e imperfeita. Eu acredito que eu mereço ter tempo de me celebrar e honrar a minha história para ser a minha melhor amiga, uma mãe maravilhosa e uma parceira de vida incrível de todos que estão comigo, inclusive a sua. Você aceita ser a minha parceira nesse jornada?


Ufa, me empolguei. Obrigada por ter chegado até aqui! Até o próximo desabafo, beijos, Grazi.

 
 
 

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